Capítulo 4
O domingo
decorreu tranquilamente. Fiquei por casa e descansei, porque a semana que aí
vinha não era de todo fácil.
Para não falar
de que eu não sabia como deveria agir diante da Fernanda. Não depois de ter
dançado com ela e de se ter formado aquele clima estranho.
O dia de
trabalho passou-se sem problemas, tudo dentro da normalidade, coisa que eu estranhei.
Almocei com a Júlia e conversámos banalidades. O dia passou muito rápido e
quando dei por mim já estava a caminho da faculdade.
A Maria já
esperava por mim nos sofás onde era habitual nos encontrarmos.
─ Já ouvi
dizer que o fim-de-semana te correu bem…
─ Como
sabes? E do que falas? – tentei fazer-me de desentendida.
─ A
Fernanda contou-me que te viu no Gritus
e que dançaram a noite toda. – Maria fez uma cara de safada.
─ Desbocada.
– pensei alto. – Não aconteceu nada, foi só isso.
─ Não
aconteceu nada porque não quiseste… Mas sei que estás com desejos que aconteça.
– cutucou-me o ombro e deu um sorrisinho de lado.
─ Pára
Maria. Quem vê até pensa que é verdade. – tentei disfarçar tendo a certeza que não
estava a resultar.
─
Engana-me que eu gosto. Vocês iam ficar tão lindas juntas, tipo um casal.
─
Maria! – senti as maçãs do meu rosto ficarem vermelhas.
─
Não vou parar até admitires…
─
CERTO! Admito, eu sinto algo pela Fernanda que não sei explicar. Mas não passa
disso… - revelei a verdade à Maria.
─
Porque tu não queres…
─
Nós mal falámos e conhecemo-nos há pouco tempo. Não dá.
─
Oi. – era a voz de Fernanda.
A
Maria respondeu, mas eu não. Estava branca, parecia que tinha visto um fantasma.
Será que ela tinha ouvido a conversa de momentos antes? A dúvida persistiu na
minha mente, mas não ousei esclarecê-la. Respirei fundo e acalmei-me para então
a cumprimentar.
─
Estão bem? – a voz dela, tão sedutora envolvia-me e fazia-me viajar para
lugares bem longe dali, onde imaginação não tinha limites.
─
Sim. – murmurei.
─
Vocês vão hoje à festa? Dizem que vai ser óptima.
─
Não ouvi falar de nenhuma festa, mas eu alinho. Dresscode? – a Maria já estava
empolgada e deixava transparecer toda a excitação.
─
É aqui no bar da faculdade. Informal. – Fernanda respondeu, olhando-me de
seguida como se esperasse uma resposta.
─
Não está nos meus planos ir a uma festa hoje, até porque amanhã acordo cedo
para ir trabalhar. – tentei arranjar uma desculpa para fugir da festa.
─
Está decidido então. Maria e Larissa, depois das aulas vamos a minha casa para
nos arranjarmos. – Fernanda disse e piscou-me o olho de seguida.
─
Creio que não percebeste o que eu disse… Eu não posso ir.
─Claro
que percebi, não sou surda. Mas não vou deixar ninguém perder esta festa. –
Fernanda retrucou.
Olhava
alternadamente para a Maria e Fernanda boquiaberta. Não acreditava no que
estava a acontecer. A Fernanda sempre tao misteriosa agora estava a convidar-me
para uma festa. Aliás convidar-me não! A obrigar-me. E ainda por cima queria
arrastar-me para casa dela para nos arranjarmos, como se eu aguentasse estar sozinha
num espaço com ela. Ok, a Maria estaria lá também, mas pelo que a conheço ela
faria de tudo para nos deixar a sós.
─ Eu não
tenho roupa de festa. – tentava arranjar desculpas para escapar.
─
Por favor Larissa, essa roupa está perfeita, só falta colocar uma maquilhagem
básica. Parece que adivinhaste hein. – Maria disse divertida.
─ Tudo
bem, eu vou. Mas tenho de voltar cedo. – finalmente cedi.
As aulas
passaram rapidamente. Nunca tinha desejado tanto que as aulas demorassem mais
algumas horas. Confesso que estava com receio do que pudesse acontecer na noite
que se aproximava.
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