chitika

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Uma nova chance para o amor - cap 6



Capítulo 6
       
       Fernanda despiu a camisola com que estava vestida de uma forma tão naturalmente sensual que eu fiquei de queixo caído e olhos esbugalhados a olhar para ela. Apercebi-me a tempo da figura ridícula que estava a fazer, parecia um velho que não vê uma mulher bonita à sua frente há uns vinte anos… Apressei-me a desfazer a cara de idiota e pensei em algo que pudesse fazer e que me desviasse a atenção do corpo de Fernanda.
         ─ Fernanda importas-te que eu use a tua maquilhagem? – perguntei-lhe fingindo que estava a mexer no telemóvel.
       ─ Podes claro. Está ali o estojo com toda a minha maquilhagem, usa o que quiseres. – Fernanda apontou para uma bolsa de tamanho médio que estava em cima da secretária arrumada a um canto.
      ─ Posso maquilhar-me no teu WC? – o meu objectivo era tirar os olhos dela e do corpo dela deslumbrante.
          ─ Faz como se tivesses em tua casa La.
         Saí rapidamente do quarto dela e dirigi-me ao WC. Abri a bolsa e escolhi o lápis preto para fazer um pequeno contorno à volta dos olhos. Quando estava quase a terminar, a Fernanda aparece na porta e eu apanhada de surpresa faço um risco gigante no rosto com o lápis.
Fernanda estava linda, não conseguia transformar em palavras o que estava diante dos meus olhos. O vestido preto moldava-se ao seu corpo na perfeição, as pernas com os músculos levemente definidos, a pele morena, os olhos quase negros, os cabelos pretos e longos espalhados cuidadosamente pelos ombros, o rosto com uma expressão sedutora…
─ HAHAHAHAHAHAHA. – Fernanda soltou uma gargalhada bem sonora que me despertou do sonho.
─ O que foi? – naquele momento não me recordava do acidente que ocorrera poucos instantes antes.
─ Pintaste um risco gigante no teu rosto. HAHAHAHA. Vais ter um trabalhão para conseguir tirar isso.
Olhei para o espelho e vi a pequena desgraça que a visão da Fernanda me tinha causado. Disfarçadamente olhei-a pelo espelho e não pude deixar de admitir para mim própria o quanto aquela menina me fazia desejá-la.
─ Tens algo que me ajude a tirar isto? – perguntei já desanimada.
─ Tenho. O desmaquilhante está dentro da bolsa. Mas aviso já que vais ficar com a pele vermelha, porque vai ser bastante difícil conseguires limpar o risco na totalidade.
─ A culpa é tua, assustaste-me quando apareceste aí na porta sem avisar. – queixei-me, mas agradeci mentalmente aos santinhos por ter tido a oportunidade de vislumbrar tão inesquecível imagem.
─ Minha? Não tenho a culpa que não aguentes ver-me assim… - Fernanda pegou no lápis e começou a maquilhar-se.
─ Nem te achas Fê… Isso não é verdade. - rapidamente senti o meu rosto ruborizar porque sabia que ela estava certa, mas não lhe ia admitir tal coisa.
─ Aham La. Continua a querer enganar-me que eu finjo que acredito nas tuas desculpas.
─ Não te estou a enganar e deixa-me terminar isto, se não nem amanhã estou pronta para ir à festa. – tentava desviar as atenções da conversa para evitar mais constrangimentos da minha parte.
Fernanda tinha acabado de se maquilhar e esperava por mim que ainda tentava tirar o risco da minha cara.  Assim que consegui eliminar a sujidade do meu rosto, continuei a maquilhar-me enquanto Fernanda olhava para mim encostada na porta. Após dar os retoques finais nas pestanas, e de as deixar como queria, a Fernanda decidiu abandonar o local onde aguardava tranquilamente e veio na minha direcção.
─ Posso dar o toque final? – ela questionou-me.
─ Podes, mas o que queres fazer? – perguntei desconfiada.
─ Dá-me o lápis preto e confia em mim…
Assim que lhe passei o lápis preto para a mão, ela risca-me a ponta do nariz. Olhei-a espantada, porque não esperava aquela atitude dela. Caímos as duas numa gargalhada contagiante e não conseguíamos parar. Quando finalmente conseguimos acalmar-nos, Fernanda aproximou-se de mim e limpou o risco que tinha sido feito por ela mesma.
Ouvimos a campainha tocar e já sabíamos que era Maria. Fernanda correu o mais rápido que pôde, uma vez que estava de saltos, para abrir a porta e deixar Maria entrar.
─ Prontas meninas? Ou andaram a divertir-se na minha ausência? – a última pergunta foi realizada num tom perigoso que escondia safadeza por detrás.
─ Sim, estamos prontas. Deixa-me ir buscar o casaco e a mala que logo vamos para a festa. – Fernanda rapidamente pegou as coisas no quarto e voltou.
─ Vamos logo que eu quero ir beber, dançar e beijar. Não exactamente nesta ordem é claro. – dito isto Fernanda piscou-me o olho e Maria puxou-me para fora de casa na direcção da garagem.

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