chitika

sábado, 10 de novembro de 2012

Uma nova chance para o amor - cap 1



Capítulo 1

               
         Passei apressada pela porta da faculdade, afinal era o meu primeiro dia de aulas e eu estava atrasada como sempre. Com toda a correria não notei que estava uma garota parada a poucos metros da porta e, como é normal da minha pessoa, dei-lhe um encontrão espalhando todos os papéis que ela segurava.
        ─ Ahhh era só o que faltava! – reclamei alto sem perceber que a garota estava parada a olhar para mim.
      Apanhei todos os papéis que estavam espalhados pelo chão, formei cuidadosamente um montinho e devolvi-o à garota sem olhar para ela.
        ─ Obrigada! – a voz dela, tão suave, fez-me olhá-la pela primeira vez e que surpresa que eu tive.
        ─ Hm, de nada. Afinal a culpa foi minha. – sorri-lhe com sinceridade.
       A garota tinha os cabelos longos e escuros, olhos claros, azuis como o mar e um sorriso encantador. Vestia uns jeans e um top azul de alças bem justo. Olhava para mim como se tivesse à espera de algo.
         ─ Sou a Larissa, e tu? – questionei-lhe com alguma pressa.
         ─ Maria.
         ─ Maria… Por acaso sabes onde é a sala 12c? Estou perdida e atrasada também. Acho que as minhas aulas já começaram. Aliás já começaram à uma semana. – fiz uma careta que a fez rir.
           ─ Sei. Também é para lá que vou… Estamos atrasadas mesmo. Vamos?
       Acenei-lhe com a cabeça e segui-a. Pelo caminho, que foi curto, conversámos algumas banalidades. A Maria explicou-me resumidamente como as coisas funcionavam no curso, não teríamos aulas todos os dias da semana e as aulas eram todas ao final do dia. Ótimo, pensei. Enquanto estava distraída nos meus pensamentos vi a Maria entrar na sala e segui-a de imediato. Parei na porta quando uns olhos negros e misteriosos me fitaram. Não conseguia decifrar o que a dona daquele olhar tão cativante estava a sentir. Ainda estava parada na porta, com o olhar fixo naquela garota quando percebo que o professor me chamava repetidas vezes na esperança de obter uma resposta.
          ─ Larissa. – respondi sem saber o que ele tinha perguntado.
         ─ Larissa, é nova neste mestrado? Não se quer apresentar rapidamente para darmos continuidade à aula? – o professor disse com um ar simpático, o que me deixou à vontade e que me impediu de desviar o olhar de novo para a garota mistério.
         ─ Apresentar, claro. Sou a Larissa, tenho 20 anos e acabei a Licenciatura este ano. – falei rapidamente e sentei-me no fundo da sala perto de uns garotos.
        ─ Larissa troque de lugar com o Pedro e sente-se aqui à frente perto da Fernanda e da Filipa. Acho que duas meninas vão ajudá-la a integrar-se melhor no ambiente. – o professor a sorrir apontou a garota do olhar misterioso e uma garota bonita de pele ligeiramente morena, na qual eu não ainda tinha reparado.
       O QUÊ? Não acredito que ele me fez isto. Estava nervosa, tinha de admitir que a Fernanda me deixava a tremer de nervosismo só com um olhar. Pelo menos agora sabia o nome dela, talvez pudéssemos ter uma conversa mais tarde. Sorri para ambas e elas retribuíram o sorriso, voltando a atenção para a aula logo de seguida.
       A aula decorria tranquilamente enquanto eu tentava prestar o máximo atenção que me era permitido, tendo em conta a minha situação de ter a Fernanda ao meu lado. O meu olhar estava fixo na tela, recusava-me a desviar o olhar para evitar constrangimentos quando oiço um sussurrar vindo do meu lado esquerdo.
        ─ Ele não dá os slides. É melhor passares. – sim! Era a Fernanda que me alertava para aquela situação tão preocupante.
       Olhei para ela com cara de idiota de quem não tinha percebido uma única palavra que ela dissera. Acenei com a cabeça e comecei a escrever freneticamente. Ao longo de toda a aula tentei tirar da minha cabeça aqueles olhos misteriosos, o sorriso delicioso e a voz rouca extremamente sedutora, mas o esforço foi em vão. Apesar de escrever tudo o que estava na tela, não sabia dizer nada do que tinha sido explicado. Teria de resolver essa questão mais tarde.
       Finalmente o professor deu ordem para sairmos. O nervosismo voltou a invadir-me, olhei em volta na esperança de encontrar a Maria. Encontrei-a no fundo da sala, fiz-lhe sinal e esperei-a na porta. Conversámos mais uma vez sobre assuntos sem importância e voltámos para a última aula.
        A última aula decorreu normalmente, sem novos comentários por parte de Fernanda. O que me deixou um pouco triste, devo confessar. A aula acabou mais cedo do que o suposto, despedi-me da Maria e procurei novamente com o olhar a Fernanda. Avistei-a ao fundo a conversar animada com um garoto. Fiquei parada durante um pequeno momento a olhar para eles, até que o olhar dela encontrou o meu. Devo ter ficado tão vermelha como um tomate por ter sido apanhada a olhar para ela.
Dirigi-me para o carro e fiquei lá a tentar recuperar a calma. Fui o caminho todo a pensar nela. Como é que alguém me podia deixar assim, apenas com um olhar. Mal trocámos palavras. Bem, eu não lhe disse nenhuma palavra de todo… Ela devia achar-me uma idiota, uma lerda e eu tinha de mudar esse pensamento nos próximos dias.

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