Capítulo
10
Acordei
com as batidas na porta do meu quarto. Vesti rapidamente uma camisola e umas
calças largas e abri a porta.
─
Que irresponsabilidade foi aquela de ontem? Faltares ao trabalho sem avisares
Larissa? Podes ser minha filha, mas no escritório as tuas responsabilidades são
as mesmas do que todos os outros funcionários. – bombardeou António.
─
Eu sei que errei pai. Desculpa, mas não deu mesmo para avisar. Eu compenso a
minha falta, no próximo sábado. – disse tentando acalmar a fera.
─
Larissa, sabes que tens liberdade para faltares quando precisares, mas nunca
sem avisar.
─
Eu sei… Não volta a acontecer. Agora vou-me preparar para descer e ir para o
escritório.
Fechei
a porta e deixei escapar um suspiro de alívio. Pensava que a conversa com o meu
pai ia correr muito pior. Comecei a despir as roupas que vestira à pressa e fui
tomar um banho.
Quando
terminei de me arrumar, desci e todos já estavam prontos para sair, pelo que
peguei num pequeno pãozinho e saí. Esperava que o dia fosse agitado e
preparei-me mentalmente para o aguentar com tranquilidade.
O
dia decorreu calmamente, indo contra todas as minhas expectativas, tal como o
resto da semana. Exceptuando o facto de não ter visto nem falado com Fernanda
durante toda a semana. Ela tinha faltado
a todas as aulas da semana e não me tentara contactar, e eu fiz o mesmo.
Esperava ansiosamente o momento em que retornaria a vê-la. A ansiedade tomava
conta de mim a cada dia que passava e já nem o trabalho me distraía.
O
sábado chegara e, tal como prometido, teria de passar o dia no escritório para
compensar o meu erro. Sentei-me à secretária com uma pilha enorme de documentos
para tratar durante aquele dia. Suspirei e dei início àquela árdua tarefa. Estava
a meio da montanha de papéis quando recebi uma sms.
“Hoje vamos sair? Tenho saudades dos teus
beijos. Fernanda.”
Depois de
uma semana sem dizer nada, Fernanda deu, finalmente, notícias. Senti um pequeno
friozinho percorrer o meu ventre e estremeci ligeiramente. Sorri e reli a
mensagem vezes sem conta. Podia fazer-me de difícil, mas estava com muitas
saudades de Fernanda, do corpo dela, dos beijos dela.
“Sair onde? Também tenho saudades dos teus.
La.”
Tentei
trabalhar enquanto esperava pela resposta à minha sms, mas estava tão
irrequieta e com a cabeça tão longe dali que não foi possível. A resposta
depressa surgiu, sendo anunciada pelo toque do meu telemóvel.
“Gritus. A Maria também vai, nem penses em
dizer que não. Diz-me onde te posso ir buscar.”
“Está bem, eu vou! Eu vou levar uma amiga e vamos
as duas. Assim não precisas de fazer um desvio para nos ir buscar.”
“Tens a certeza? Não me custa nada ir-vos
buscar. Combinamos às 22h no Gritus?”
“Sim,
tenho. Combinado, 22h. Nada de atrasos. :P Beijos.”
“Vou contar os minutos. Beijo.”
Sentia-me
feliz e depois daquele momento a tarde passou a correr. Não só consegui acabar
todo o trabalho atrasado, como ainda adiantei algum. Com um sorriso no rosto
saí do escritório e fui para casa. No caminho preparei mentalmente o que iria
vestir e fiquei satisfeita por ter escolhido o vestido preto justo.
Lembrei-me
que ainda tinha que avisar a Júlia e liguei-lhe para a avisar. Ela aceitou sem
problemas, coisa que eu já esperava. Sorri mentalmente. Um dos motivos para eu
levar a Júlia era Maria. Tinha quase certeza que elas se iriam dar
maravilhosamente bem, talvez até um bocadinho melhor que isso, e com alguma
sorte eu iria ajudar a formar um novo casal.
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